Sinto por diversas vezes como se minha alma estivesse
espalhada, dividida aos quatro cantos do mundo, como se estivesse "fina e
esticada".
Procuro razões para
tal, mas de súbito, nada vejo, além de um pedaço de mim mesmo refletido numa
poça no chão.
Olho para frente e, aos poucos, me vejo em uma estrada longa,
reta, sem desvios, aparentemente infindável.
Olho para traz, consigo ver todo o caminho percorrido, para
os lados e vejo os amigos e familiares que continuam nesta jornada comigo.
Ao olhar novamente para frente, percebo que outros caminhos
haverão de cruzar o meu, daí eu me lembro das pessoas que deixaram o meu
caminho e com elas, um pedaço de mim...
Dizem que a alma é uma coisa só, indivisível e imponderável,
mas o mais importante, em que teimam em esquecer, é que ela é maleável.
Quando amo uma pessoa, estou entregando parte de mim a ela,
parte da minha alma, mas como a mesma não se divide, tal porção ainda se mantém
ligada ao conjunto principal... Uns chamam isso de cordão de prata, cordão espiritual,
ect...
Eu chamo de amor, elo este que unem as pessoas, por
simplesmente questão de sentimento natural, comum a qualquer ser vivo.
Mas quando o que se achava o que era amor se esvai, esse
pedaço não retorna facilmente...
Amei muito e muito se foi.
Por isso aqui me preservo, querendo prosseguir, mas forças
alheias a minhas me puxam, querendo que em seu caminho eu permaneça, mas tenho
o meu próprio a seguir.
Quando percebo que não há mais o que esticar, aquele pedaço
volta, mas ainda irregular, desfigurado irreconhecível.
Dou um passo, mais uma parte chega ao ponto máximo de
elasticidade e do mesmo jeito que a anterior, ela volta.
Assim vou lutando contra as forças que me atrasam, com
um passo de cada vez...
Me pergunto o que acontecerá quando todas essas partes
retornarem de volta para mim.
Uma coisa eu sei: um elástico esticado quando volta
ao estado normal não é mais o mesmo, pois perde sua dureza, está desgastado,
ainda bem a que a alma não se desgasta, já que é imortal.
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